A Nossa Fertilidade por Christiane Northrup


Idealmente, a vida pré-natal, junto ao coração da mãe, é a felicidade total para o feto. As mulheres devem optar por viver as suas gravidezes sensatamente, porque a forma como o fazem afecta-as tanto a elas como às crianças. Os bebés recordam-se das suas vidas - de todas as partes das suas vidas - e as suas experiências têm um efeito potencialmente grande sobre eles.

Todos nós conservamos a marca da nossa vida nas nossas células. Se, durante esses vulneráveis nove meses, uma mãe não estiver emocionalmente disponível para o seu bebé - seja por que razão for - o bebé ressente-se disso. As memórias pré-natais e do parto e o seu impacte potencial no feto são algumas das muitas razões pelas quais as mulheres devem aprender a gerir bem a sua fertilidade e a conceber conscientemente. As mulheres devem tornar-se veículos conscientes.

Muitas mulheres têm-me dito que sabiam que os pais não as queriam e que o tinham sentido durante toda a vida. "Sei que fui concebida durante o luto da minha mãe por um filho que morreu nove meses antes", disse uma mulher. "Lembro-me de absorver isso no útero. Jurei tornar as coisas melhores para ela. Passei sessenta e quatro anos a tentar fazer isso por ela. Nunca resultou. "Uma mulher na menopausa, Beverly, disse que a mãe a tinha ido visitar no dia do seu quinquagésimo aniversário, com balões e uma rosa, e lhe tinha dito: "Tens cinquenta anos. A tua vida, a partir de agora, é a descer. Já não és uma criança." Contou à filha como tinha sofrido no parto, e disse ainda que Beverly era feia quando nasceu. No entanto, cantou louvores ao filho - o irmão de Beverly - dizendo que o parto tinha sido practicamente indolor e que o filho era lindo desde que nasceu. Ao ouvir a mãe, Beverly sentiu que, de um modo perverso, lhe tinham dado um verdadeiro presente no seu quinquagésimo aniversário. A mãe tinha confirmado aquilo que sempre pensara - que tinha sido rejeitada desde a nascença.

As pessoas cuja gestação e nascimento ocorreram em circunstâncias em que não foram desejadas podem sentir uma depressão existencial. Uma mulher referiu ter vergonha de respirar o ar e ocupar espaço - tinha a sensação de nunca pertencer, de estar a fazer alguém sofrer só por estar ali. Disse-me que sentia isso desde que se lembrava. Sabia que não tinha sido desejada.

Outra mulher, uma médica na casa dos cinquenta, disse ter tido recentemente uma sessão de cura emocional em que se tinha apercebido de nunca se ter sentido segura no ventre da mãe - sabia que não tinha sido desejada. Durante toda a vida tinha tentado compensar isso estudando, tornando-se médica e tendo uma série de relações. Mas nada disso preencheu a necessidade que estava dentro de si desde que tinha nascido - a necessidade de ser muito amada e desejada desde criança. Segundo se lembrava: "O bater do coração da minha mãe, tão perto do meu, não era conforto nem tranquilidade para mim." Apesar de a mãe já ter morrido, ela passou pelo processo de lhe perdoar. Lavada em lágrimas, disse-me: "Finalmente, tenho saudades da mãe que nunca tive. Compreendo que ela fez o melhor que pôde. Ela própria nunca teve uma oportunidade." (in Corpo de Mulher, Sabedoria de Mulher de Christiane Northrup)

Novo Grupo Terapêutico para Mulheres


Lembro que no dia 9 de Janeiro começa um novo grupo terapêutico para mulheres. O grupo vai realizar-se todas as sextas-feiras às 18:30. Vai ter como base o Dynamic Theatre e outros métodos expressivos. Para confirmarem a vossa presença enviem-me um e-mail ou telefonem. Gracias, Mariana.

Dynamic Theatre, O Drama da Vida e da Comunidade por Mark Wentworth


“Apenas dentro de nós existe essa realidade pela qual ansiamos. Não vos posso dar nada que não exista já dentro de vós. A única galeria de quadros que posso abrir diante de vós é a da vossa própria alma." Herman Hesse

Dynamic Theatre (DT) foi criado, em 2003, por Mark Wentworth como uma síntese única entre psicodrama, sociodrama, constelações familiares e shamanismo. Desde então, a técnica tem sido introduzida no palco do psicodrama, pela mão de vários psicodramaturgos, como o “auxiliar incógnito”. No entanto, Dynamic Theatre é um sistema e uma técnica que vive por si só, apesar de ser influenciada pelo trabalho de Jacob L. Moreno, por quem temos o maior respeito e que tem sido sempre uma inspiração para DT.

Raízes:
Um dos problemas em métodos activos é o perigo de projecções do ego do director e o medo de que os "egos auxiliares" apresentem conteúdos que perturbam o "protagonista", retirando alguma espontaneidade, que foi sempre um dos maiores objectivos de Moreno. Nascido de alguma frustração e tristeza sentidas devido a esta situação, experiências de grupo levaram ao aparecimento da pérola que é o Dynamic Theatre. Desde a sua primeira apresentação oficial em 2006 tem crescido em profundidade e força e foi apresentado em vários países europeus, nos E.U.A. e no Médio Oriente.

Foi introduzido como um método activo inovador para a comunidade - uma forma de restabelecer os nossos sentidos de pertença e proximidade. No shamanismo, quando uma pessoa adoeçe ou se encontra em desarmonia, toda a comunidade está doente. Sendo assim, todos se juntam para a cura dessa pessoa com o conhecimento de que toda a comunidade beneficiará dessa partilha. Segundo a Antropologia, as raízes da espiritualidade shamânica datam de há 40000 a 100000 anos.

O DT honra estas crenças ancestrais e reconhece que é no shamanismo onde encontramos a raiz de toda a dramaturgia e teatro. Por exemplo, os guerreiros nativo-americanos representavam as suas batalhas com toda a tribo para partilharem a sua história. Se um dos guerreiros tirasse uma vida a sua culpa seria partilhada pela comunidade através de dramatização e ele seria, durante a peça, acolhido pela comunidade ao invés de ser abandonado para que, sozinho, lidasse com os seus fantasmas da guerra.

O que é DT?
A principal diferença entre DT e Psicodrama é que todos os "egos auxiliares" são agidos de forma incógnita. Só o director e o “contador da história” conhecem a identidade dos "egos auxiliares". Acreditamos, assim, que o anonimato permite a revelação da verdadeira dinâmica escondida de qualquer situação e na sua forma mais pura, sem que haja interferência pessoal das pessoas que representam os papéis "auxiliares". Noutras palavras, o "ego auxiliar" está livre para representar um “papel” e isto permite que ele se exprima de forma espontânea e através dos seus recursos mais íntimos. Não há qualquer risco de ofensa para o "contador da história", ou de dizer algo errado, porque tudo é válido e possível.

Para quem nunca experimentou DT, pode achar o conceito – a possibilidade de comunicar a energia da mãe do "contador da história", de uma organização, de um cancro ou de um ancestral – bastante absurdo. No entanto, observar alguém tornar-se nesse elemento é verdadeiramente inspirador, sem que haja influência pela contenção do conhecimento e do controle.

Do ponto de vista sociodramático, expressar a energia de alguma coisa do nosso mundo pode ser de extrema importância para a nossa sociedade. Já vimos como um grupo, um sonho ou um medo podem revelar verdades novas e profundas para a sociedade envolvida. Podem permitir o início de processos de questionamento profundos e exploração das sombras da sociedade. Se soubéssemos de antemão a identidade dos "auxiliares" principais perderíamos as reacções sociais que não estão alinhadas com os nossos egos. Ou seja, não revelaríamos as nossas sombras internas, sombras de grupo ou da sociedade. No entanto, e esta é a maior verdade: “não teríamos acesso a estes níveis do Ser se não tivéssemos, desde sempre, uma ligação.”

DT oferece a técnica que nos permite ter acesso às sombras da comunidade. Revela que em todas as nações há feridas para sarar e que em cada coração existe a força para o fazermos.