Segundo o Dicionário Enciclopédico Lello Universal, o termo "Expressão" deriva do latim expressione e significa "acto de espremer, de extrair o suco; maneira de exprimir, frase, palavra. Manifestação de um sentimento: expressão de dor, de alegria. Carácter, sentimentos íntimos".
No seu sentido mais lato, "Expressão" poderá significar mesmo a própria vida, dado que toda a acção humana pode ser considerada como expressiva: "Tudo o que o homem ou o animal realiza deve ser entendido ou como uma acção transitiva (o agir) ou como uma expressão... Qualquer tomada de contacto, mesmo superficial, com as manifestações da existência humana, obriga-nos a conceber estas manifestações como expressões desta existência e de modo nenhum como uma série de eventos ou de processos". (Buytendijk, 1934)
Parece ter sido Aristóteles quem primeiro se terá preocupado com a expressão, designando-a como Katharsis (catarse, saída, purga, evacuação, alívio, purificação) e ligando-a às exteriorizações psíquicas que uma acção fictícia desenrolada num palco (no teatro grego, com as características daquela época) provocava nas pessoas que estavam a assitir.
Parece ter sido Aristóteles quem primeiro se terá preocupado com a expressão, designando-a como Katharsis (catarse, saída, purga, evacuação, alívio, purificação) e ligando-a às exteriorizações psíquicas que uma acção fictícia desenrolada num palco (no teatro grego, com as características daquela época) provocava nas pessoas que estavam a assitir.
Freud compara figurativamente esta energia a um rio de grande caudal que brota continuamente de uma fonte situada no inconsciente e que, como todos os rios, procura o caminho que o leve a desaguar no mar (a expressão). Bloqueios (frustrações e conflitos) ao seu natural correr pelo leito, causam problemas de pressão (agressividade) contra esses bloqueios, em que a energia os procura ultrapassar ou eliminar; não conseguindo ultrapassar os bloqueios, há um retorno das energias, o seu subsequente aumento (repressões) e a sua saída por outros leitos mais ou menos adequados (compensação, sublimação) ou inadequados (aberrações, perversões, descompensações).
Frustrações, conflitos e tudo o que possa criar obstáculos à normal expressão-catarse destas energias podem criar problemas a nível da saúde mental. Uma normal e adequada expressão é condição, pois, para uma vida saudável.
Seja qual for o meio utilizado (movimento, música, drama, pintura, palavras ou escrita), a expressão não é um espectáculo para outros, mas apenas um modo individual de escape das tensões acumuladas. Sendo a expressão uma emergência de sentimentos, é escusado procurar compreendê-la através da razão.
Embora alguns autores liguem por vezes o termo expressão a aspectos da comunicação social ou a actos de natureza cognitiva, na realidade ela refere-se concretamente a uma força psicológica interna, inconsciente, que, como J.Piaget refere, produz a energia necessária ao funcionamento da cognição: "Expressão será a exteriorização da personalidade. Efectua-se através do Jogo Simbólico, realizando desejos, a compensação, a livre satisfação das necessidades subjectivas. Numa palavra, a expressão tão completa quanto possível do "Eu", distinto da realidade material e social".
Uma expressão não é efectuada para ser pública, para comunicar algo a alguém e muito menos para contemplação, como se de um espectáculo se tratasse. É algo muito íntimo e pessoal. Há uma grande diferença entre o movimento expressivo de um paciente aos saltos numa sessão terapêutica e o de uma bailarina que também salta, mas com um objectivo e num contexto completamente diferente.
A expressão tem valor apenas enquanto dura a acção e apenas para quem se expressa. Tentar avaliar ou interpretar apintura produzida (ou dança, ou música, ou dramatização), sob qualquer juízo técnico ou estético, é procurar criar complicações onde não deverão existir. (...) O paciente ao exprimir-se, não conhece o sucesso ou insucesso, não há a "boa" ou a "má" expressão. Expressa-se pelo prazer que isso lhe dá e pela necessidade que tem de se expressar, tal como respira, porque tem necessidade de respirar sem que alguém faça juízo sobre isso.
Alguns psicólogos classificam a expressão como uma forma de actividade compensadora de problemas. Porém, os problemas provêm exactamente da falta de expressão.
A expressão é um fenómeno individual, inconsciente, produto da vida instintual-emocional-sentimental da pessoa e nunca, como por vezes se fala ("expressão colectiva"), um fenómeno de carácter social. Uma criação poderá ser colectiva, mas uma expressão, pela sua singularidade, não. Uma criação pode ser o conjunto das criações e expressões individuais dos membros de um dado grupo, mas não é possível falar-se de expressão colectiva desse grupo.
A expressão pura é também impossível tal como o silêncio absoluto. Mas, tal como o silêncio da natureza - a ausência de qualquer ruído mecânico -, poderá também conceber-se a existência de expressão natural, quando há um mínimo de influência, externa ao indivíduo, de qualquer acção concebida pelo homem. A expressão quase no seu estado natural encontra-se apenas nas crianças de pequena idade, não estando ainda condicionadas por quaisquer ensinamentos que lhe são transmitidos com o carácter de certos, imutáveis e perenes. A expressão natural não tem qualquer ideia preconcebida. A sua acção é impulsionada por uma força ainda não domesticada. A criança expressa-se apenas pelo prazer de o fazer, pela necessidade que sente, e sem quaisquer entraves sociais ou culturais para o fazer.
O contrário de expressão é repressão e esta surge devido a influências do meio. É tentando imitar o que viu na televisão, seguir o que ouviu um adulto dizer, que a criança começa desde muito cedo a restringir a sua forma de expressão, para tentar fazer como os outros fazem; de maneira muito mais drástica ainda se há um adulto a "ensinar-lhe" como "deve ser", dizendo-lhe o que "está mal", que desenhar ou cantar "não é assim", que "é horrível, feio, desafinado", tendo obrigatoriamente de fazer exactamente como ele, adulto, e sua sociedade de adultos o entendem.
Os termos "expressão livre", "liberdade de expressão" e outros semelhantes, são termos incorrectos, pleonasmos, tais como "recuar para trás" ou "subir para cima", pois que sem liberdade, não há expressão (repressão é exactamennte coertar a liberdade).
Sendo a expressão a exteriorização pessoal da vida interior, essa vida é necessariamente diferente em todas as pessoas, indiferentemente da idade, variando, pois, a expressão, de pessoa para pessoa não sendo possível enquadrá-la em quaisquer padrões psicopatológicos. (in Psicoterapias Activas - Arte-Terapias - de Alberto B. Sousa, Livros Horizonte)
Sem comentários:
Enviar um comentário