A Minha Terapia






Até à cerca de um ano e meio sempre pensei que a terapia era unicamente destinada a pessoas malucas e demasiado fracas para “arregaçarem as mangas” e lutarem contra as contrariedades da vida – COMO ESTAVA ENGANADA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Fui literalmente obrigada, por uma das pessoas que mais amo (o meu padrasto), a visitar a Mariana. No meu pensamento não havia razão para tal, simplesmente me sentia cansada, algo incompreendida pelos outros e não deixava que o meu marido (que amo verdadeiramente) me tocasse, chegava a sentir nojo. Claro que não achava muito normal amar uma pessoa e não permitir o seu toque e tudo isso estava a desgastar o meu casamento quase até à ruptura, mas não era motivo para frequentar uma terapeuta.


As primeiras vezes com a Mariana foram muito más… Sentia-me intimidada e colocava-me sempre à defesa, mas a Mariana tem uma capacidade única – leva as pessoas a desabafar sem ter que forçar uma resposta. Sempre que saía de uma sessão ficava com um sentimento enorme de culpa, sentia que tinha falado mais do que devia e sentia sempre medo de ser recriminada e acusada pela minha maneira de ser e de agir perante a vida.
 
Sempre fui uma pessoa que, devido a determinadas situações que se depararam e se vão deparando na minha vida, encaro as coisas de uma forma algo dura e pragmática. Não gosto de mentiras e detesto fingimentos. Mas com o passar do tempo, comecei a relaxar nas sessões, as palavras saíam-me de uma forma mais natural e espontânea e comecei a ansiar pela chegada das sextas-feiras. Consegui perceber e fazer perceber ao meu marido a razão pela qual eu “fugia” dele e o meu casamento renasceu, criou-se um laço bem mais forte daquele que havia até então.


Depois foi-me proposto ter terapia em grupo – claro que  DETESTEI a ideia – como é que eu podia contar a perfeitos estranhos tudo o que se passava comigo, tudo o que sentia? Fugi uma vez arranjando mil desculpas mas não consegui fugir uma segunda vez. Em Setembro de 2008, comecei terapia com mais 3 fantásticas mulheres que mudaram a minha vida (para além da Mariana, claro). Para variar a primeira sessão foi muito má para mim porque me sentia completamente desajustada. Com o passar do tempo fomos criando uma amizade tão grande, que nem em muitas famílias existe tal cumplicidade – pelo menos eu penso assim.


Com este grupo aprendi a confiar nas pessoas, que nem todas as pessoas nos podem magoar e que há sempre alguém em pior situações que nós próprias. Sinto que me tornei mais humilde e melhor ouvinte.


Só tenho a agradecer a quem me obrigou a frequentar estas sessões, à Mariana pelo excelente trabalho e por ser a excelente pessoa que é e, por fim, às minhas amigas que as considero como irmãs por me aceitarem como sou e pela força que me transmitem, porque sem pessoas assim ao nosso lado não somos ninguém. OBRIGADO (Este é o depoimento da Ana Alexandra. Uma mulher corajosa e inteira que testemunhou os medos e desafios que a terapia (individual e em grupo) pode suscitar. Obrigada Ana!)

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