As Teias Que As Mulheres Tecem



Teatro Dinâmico e o Feminino, 1 de Novembro das 10:00 às 18:00


com Mariana Ferreira

O nosso útero é o nosso reservatório emocional, é onde guardamos segredos, onde escondemos vergonhas, desejos e sonhos. É nele que habitam lágrimas não expressas, a nossa criatividade bloqueada, os filhos que não tivemos. Um reservatório de memórias, felizes e infelizes, histórias de romances não concretizados, de medos e de raivas recalcadas.

O nosso útero, caixinha que guarda aquilo que não conseguimos ainda expressar. Baú de segredos de todas as idades, com heranças ancestrais, com histórias que não são só nossas mas que herdámos energeticamente das nossas ancestrais femininas.

Vamos explorar estas histórias num terreno seguro e contentor, junto dos úteros de outras mulheres, junto dos úteros das nossas ancestrais.

Vamos, em Teatro Dinâmico, dar à luz as histórias que precisam de ser contadas, segredadas ou gritadas.
Não há limite para as vezes que precisamos de contar um acontecimento marcante que nos habita o útero. Afinal, quem define os nossos pontos finais, as nossas vírgulas, os nossos ciclos, o nosso ritmo interno?

O Teatro Dinâmico é uma fusão única de Xamanismo, Psicodrama e Terapias Sistémicas e, através desta fusão ecléctica é permitido a qualquer pessoa, de qualquer comunidade, a ligação ao seu potencial máximo. Durante todo o processo construimos confiança, honestidade e espontaneidade ao experimentarmos o potencial vasto que habita o nosso interior. O processo foi criado por Mark Wentworth em 2003 e desde a sua primeira apresentação em 2006 tem crescido e sido mostrado e ensinado por todo o mundo. Mark já apresentou Teatro Dinâmico na Europa, no Médio Oriente, nos E.U.A. e no Reino Unido.


Inscrições ou mais informações: Mariana Ferreira (+351) 966758769 ou marianavferreira@gmail.com


Por favor fazer transferência bancária no valor de 50euros até 28 de Outubro para garantir o seu lugar (limite de 10 participantes) - NIB Caixa Geral de Depósitos, Mariana Vilhena Ferreira - 0035 0549 0000 4810500 05

Local: Av. 25 de Abril, 3 Vila Fria 2740-176 Porto-Salvo
Investimento: 50euros
Almoço vegetariano: 10euros (digam-me se querem almoçar, aqui ao lado também há o Oeiras Parque para quem não quiser vegetariano)


Trazer roupa confortável (meias quentinhas!)

Expressão

Segundo o Dicionário Enciclopédico Lello Universal, o termo "Expressão" deriva do latim expressione e significa "acto de espremer, de extrair o suco; maneira de exprimir, frase, palavra. Manifestação de um sentimento: expressão de dor, de alegria. Carácter, sentimentos íntimos".
No seu sentido mais lato, "Expressão" poderá significar mesmo a própria vida, dado que toda a acção humana pode ser considerada como expressiva: "Tudo o que o homem ou o animal realiza deve ser entendido ou como uma acção transitiva (o agir) ou como uma expressão... Qualquer tomada de contacto, mesmo superficial, com as manifestações da existência humana, obriga-nos a conceber estas manifestações como expressões desta existência e de modo nenhum como uma série de eventos ou de processos". (Buytendijk, 1934)

Parece ter sido Aristóteles quem primeiro se terá preocupado com a expressão, designando-a como Katharsis (catarse, saída, purga, evacuação, alívio, purificação) e ligando-a às exteriorizações psíquicas que uma acção fictícia desenrolada num palco (no teatro grego, com as características daquela época) provocava nas pessoas que estavam a assitir.

Freud compara figurativamente esta energia a um rio de grande caudal que brota continuamente de uma fonte situada no inconsciente e que, como todos os rios, procura o caminho que o leve a desaguar no mar (a expressão). Bloqueios (frustrações e conflitos) ao seu natural correr pelo leito, causam problemas de pressão (agressividade) contra esses bloqueios, em que a energia os procura ultrapassar ou eliminar; não conseguindo ultrapassar os bloqueios, há um retorno das energias, o seu subsequente aumento (repressões) e a sua saída por outros leitos mais ou menos adequados (compensação, sublimação) ou inadequados (aberrações, perversões, descompensações).

Frustrações, conflitos e tudo o que possa criar obstáculos à normal expressão-catarse destas energias podem criar problemas a nível da saúde mental. Uma normal e adequada expressão é condição, pois, para uma vida saudável.

Seja qual for o meio utilizado (movimento, música, drama, pintura, palavras ou escrita), a expressão não é um espectáculo para outros, mas apenas um modo individual de escape das tensões acumuladas. Sendo a expressão uma emergência de sentimentos, é escusado procurar compreendê-la através da razão.

Embora alguns autores liguem por vezes o termo expressão a aspectos da comunicação social ou a actos de natureza cognitiva, na realidade ela refere-se concretamente a uma força psicológica interna, inconsciente, que, como J.Piaget refere, produz a energia necessária ao funcionamento da cognição: "Expressão será a exteriorização da personalidade. Efectua-se através do Jogo Simbólico, realizando desejos, a compensação, a livre satisfação das necessidades subjectivas. Numa palavra, a expressão tão completa quanto possível do "Eu", distinto da realidade material e social".

Uma expressão não é efectuada para ser pública, para comunicar algo a alguém e muito menos para contemplação, como se de um espectáculo se tratasse. É algo muito íntimo e pessoal. Há uma grande diferença entre o movimento expressivo de um paciente aos saltos numa sessão terapêutica e o de uma bailarina que também salta, mas com um objectivo e num contexto completamente diferente.

A expressão tem valor apenas enquanto dura a acção e apenas para quem se expressa. Tentar avaliar ou interpretar apintura produzida (ou dança, ou música, ou dramatização), sob qualquer juízo técnico ou estético, é procurar criar complicações onde não deverão existir. (...) O paciente ao exprimir-se, não conhece o sucesso ou insucesso, não há a "boa" ou a "má" expressão. Expressa-se pelo prazer que isso lhe dá e pela necessidade que tem de se expressar, tal como respira, porque tem necessidade de respirar sem que alguém faça juízo sobre isso.

Alguns psicólogos classificam a expressão como uma forma de actividade compensadora de problemas. Porém, os problemas provêm exactamente da falta de expressão.

A expressão é um fenómeno individual, inconsciente, produto da vida instintual-emocional-sentimental da pessoa e nunca, como por vezes se fala ("expressão colectiva"), um fenómeno de carácter social. Uma criação poderá ser colectiva, mas uma expressão, pela sua singularidade, não. Uma criação pode ser o conjunto das criações e expressões individuais dos membros de um dado grupo, mas não é possível falar-se de expressão colectiva desse grupo.

A expressão pura é também impossível tal como o silêncio absoluto. Mas, tal como o silêncio da natureza - a ausência de qualquer ruído mecânico -, poderá também conceber-se a existência de expressão natural, quando há um mínimo de influência, externa ao indivíduo, de qualquer acção concebida pelo homem. A expressão quase no seu estado natural encontra-se apenas nas crianças de pequena idade, não estando ainda condicionadas por quaisquer ensinamentos que lhe são transmitidos com o carácter de certos, imutáveis e perenes. A expressão natural não tem qualquer ideia preconcebida. A sua acção é impulsionada por uma força ainda não domesticada. A criança expressa-se apenas pelo prazer de o fazer, pela necessidade que sente, e sem quaisquer entraves sociais ou culturais para o fazer.

O contrário de expressão é repressão e esta surge devido a influências do meio. É tentando imitar o que viu na televisão, seguir o que ouviu um adulto dizer, que a criança começa desde muito cedo a restringir a sua forma de expressão, para tentar fazer como os outros fazem; de maneira muito mais drástica ainda se há um adulto a "ensinar-lhe" como "deve ser", dizendo-lhe o que "está mal", que desenhar ou cantar "não é assim", que "é horrível, feio, desafinado", tendo obrigatoriamente de fazer exactamente como ele, adulto, e sua sociedade de adultos o entendem.

Os termos "expressão livre", "liberdade de expressão" e outros semelhantes, são termos incorrectos, pleonasmos, tais como "recuar para trás" ou "subir para cima", pois que sem liberdade, não há expressão (repressão é exactamennte coertar a liberdade).

Sendo a expressão a exteriorização pessoal da vida interior, essa vida é necessariamente diferente em todas as pessoas, indiferentemente da idade, variando, pois, a expressão, de pessoa para pessoa não sendo possível enquadrá-la em quaisquer padrões psicopatológicos. (in Psicoterapias Activas - Arte-Terapias - de Alberto B. Sousa, Livros Horizonte)